A creatina é, originalmente,
sintetizada no fígado e no pâncreas, por meio dos aminoácidos arginina, glicina
e metionina. É encontrada em baixas proporções na carne vermelha (cerca de 5g
de creatina para cada quilo de carne) e no peixe.
A creatina é uma substância
natural que nosso corpo produz para ter energia, sendo que a maioria das
pessoas (com atividade física leve) normalmente produz cerca de 2 g de creatina
todos os dias, o que é suficiente para ter-se um bom equilíbrio. A creatina
ajuda a introduzir a água nas células musculares, dando-lhes volume. Os músculos
têm seu volume aumentado e este processo ajuda na síntese de proteína. A
creatina é encontrada principalmente na musculatura esquelética, músculo
cardíaco, o cérebro, a retina e ainda os espermatozóides.
Porém para trabalhar bem os
músculos, um atleta precisa dar a eles o tipo certo de 'combustível muscular'.
O mecanismo muscular de utilização da creatina é resumidamente:
- as células musculares, como todas as demais
células, atuam em um composto de alta energia chamado trifosfato de adenosina,
que é o ATP.
- o ATP faz com que os músculos se contraiam,
transporta os impulsos nervosos e cria outros processos de energia celular.
- as células musculares formam ATP combinando o
oxigênio com nutrientes do alimento, principalmente os carboidratos. (a gordura
é utilizada somente quando o oxigênio estiver presente).
As células do corpo geram ATP
por meio de três sistemas de energia, vou apresentar
o sistema creatina fosfato pois se relaciona com a função da creatina, que está sendo discutida
aqui.
Na célula muscular a creatina
pode ser encontrada sob a forma livre e, em sua maior parte, sob a apresentação
de creatina fosfato ou fosfocreatina (forma fosforilada, combinada a um
grupamento fosfato), uma potente reserva energética consumida principalmente em
exercícios de alta intensidade, curta duração e reduzidos intervalos entre as
séries de recuperação. Dessa forma, é possível manter e sustentar a intensidade
do exercício por um período maior de tempo.
A creatina também apresenta um efeito
tampão, em outras palavras, ajuda a neutralizar o meio ácido intracelular
ocasionado pelo acúmulo de lactato, o que também proporciona um maior tempo de
resistência à fadiga.
Além de melhorar o desempenho
esportivo (efeito ergogênico), a creatina também apresenta efeitos
terapêuticos. Estudos apontam que a suplementação pode beneficiar indivíduos
acometidos por distrofias musculares, doenças neuromusculares,
crônico-degenerativas e até mesmo, intolerância à glicose. Há hipóteses que
pode auxiliar no tratamento e prevenção de diabetes mellitus e doenças
cardiovasculares. Além disso, a creatina possui ação antioxidante, ou seja,
combate os radicais livres, aquelas moléculas altamente reativas responsáveis
por ocasionar danos às nossas células.
Só por questões de curiosidade,
estudos demonstram que vegetarianos, por apresentarem estoques reduzidos de
creatina, obtêm melhores resultados com a suplementação quando comparados a
indivíduos não-vegetarianos.
A creatina sobrecarrega a
função renal?
Estudos reportam que, para
pessoas saudáveis, a creatina é um suplemento seguro e em doses adequadas não
causa dano renal, hepático e/ou gastrointestinal. Um estudo publicado no European
Journal of Applied Physiology realizado com portadores de diabetes
mellitus tipo 2, demonstrou que a suplementação com creatina por 12 semanas não
alterou a função renal neste grupo. Outro estudo, publicado na mesma revista,
demonstrou que a suplementação por 3 meses com creatina também não alterou a
capacidade renal do grupo estudado.
Recente pesquisa, publicada no American Journal of Kidney Diseases, constatou que a suplementação de creatina por 35 dias em um jovem de 20 anos que apresentava apenas um rim, cuja função já estava levemente diminuída, não alterou a sua capacidade renal, sugerindo que a suplementação em curto prazo não altera a função renal, mesmo em um indivíduo com um único rim.
Recente pesquisa, publicada no American Journal of Kidney Diseases, constatou que a suplementação de creatina por 35 dias em um jovem de 20 anos que apresentava apenas um rim, cuja função já estava levemente diminuída, não alterou a sua capacidade renal, sugerindo que a suplementação em curto prazo não altera a função renal, mesmo em um indivíduo com um único rim.
A decisão de utilizar a
suplementação de creatina deve ser orientada e acompanhada por um nutricionista/médico para adequar a quantidade para cada modalidade, realizar avaliações médicas periódicas,
bem como verificar se houve aumento da performance.
Portanto, a maneira mais segura de
utilizar creatina é através da orientação de um profissional capacitado!
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